células-tronco para odontologia

Células Tronco na Odontologia: Avanços e Perspectivas para Tratamentos Dentários

As pesquisas sobre células-tronco na odontologia têm revelado um potencial promissor para o tratamento de diversas condições bucais. Essas células podem ser utilizadas para regenerar tecidos dentários danificados, oferecendo uma alternativa inovadora às abordagens tradicionais. Por isso, pesquisadores de odontologia estão explorando maneiras de aplicar essa tecnologia no dia a dia das práticas clínicas.

Quase todas as semanas algum paciente me pergunta se já existe o dente artificial que vai substituir a necessidade de fazer os implantes dentários. Enquanto escrevo este artigo, em Julho de 2025 a resposta ainda é não, mas sei que isso vai mudar em algum tempo futuro.

Entretanto fiz uma pesquisa atualizada, e vou explicar abaixo o que já existe e o que pode ser feito com as células tronco na odontologia atual, e o que já fazemos em nossa clínica odontológica com células-tronco.

Definição de Células-Tronco

Células-tronco são células não especializadas, e tem a notável capacidade de se autorrenovar e se transformar em diversos tipos de células especializadas do corpo.

Elas já existem naturalmente em nosso corpo em certa quantidade em todos os tecidos do corpo como se ficassem na “reserva” esperando que exista alguma necessidade de reparação do tecido.

Portanto essa mesma célula-tronco pode se transformar, em pele, osso, vasos sanguíneos, etc dependendo do contexto.

Para que servem as células-tronco

Nosso corpo portanto usa as células-tronco para o reparo e regeneração de tecidos.

Na odontologia, essas células podem ser utilizadas para regenerar tecidos dentais, como a polpa dental e o osso alveolar. Sua habilidade de autorrenovação as torna essenciais em terapias celulares e engenharia de tecidos (Botelho 2017).

Na medicina regenerativa, a pesquisa com células tronco tem vasto potencial teórico para o tratamento de doenças como Parkinson, Alzheimer, leucemia, lesões de nervos (incluindo paraplegia) e outras doenças que degeneram tecidos.

Células Tronco na Odontologia

A pesquisa sobre a aplicação de células-tronco na odontologia não se limita apenas à regeneração de dentes, mas também abrange o tratamento de doenças periodontais e a cura de lesões (Kim 2018). Esses avanços podem transformar no futuro a forma como doenças bucais são tratadas, proporcionando resultados mais eficazes e duradouros.

Além disso, a pesquisa contínua nesta área busca superar os desafios éticos e técnicos associados ao uso de células-tronco. O progresso nesse campo pode abrir novas portas para tratamentos mais eficientes e personalizados, transformando a experiência do paciente e o panorama da odontologia.

Conteúdo deste Artigo

Conceito de Células-Tronco na Odontologia

As células-tronco têm um potencial importante na odontologia, especialmente em tratamentos regenerativos e reparadores.

Tipos de Células-Tronco Utilizadas em Odontologia

Segundo Tang et al. (2018) os principais tipos de células-tronco utilizados na odontologia incluem:

  • Células-tronco mesenquimatosas (CTMs): Encontradas na medula óssea e no tecido adiposo, essas células são promissoras para a regeneração óssea.
  • Células-tronco de polpa dental: Derivadas da polpa dos dentes, têm a capacidade específica de se diferenciar em odontoblastos, células que formam a dentina.
  • Células-tronco embrionárias: Embora controversas no sentido ético de sua utilização, essas células têm um grande potencial regenerativo devido à sua capacidade de se transformar em qualquer tipo celular.

Diferenças entre Células-Tronco Adultas e Embrionárias

As células-tronco adultas, como as CTMs, são limitadas em sua capacidade de diferenciação, geralmente se restringindo a tecidos do seu meio. Elas apresentam vantagens em termos de disponibilidade em quantidade.

Em contraste, as células-tronco embrionárias são pluripotentes, podendo se transformar em qualquer célula do corpo humano. Ambas têm aplicações potenciais diferentes na odontologia, cada uma contribuindo para o avanço das terapias regenerativas.

células-tronco para dentes
O uso de células-tronco para a criação de dentes de laboratório será uma realidade no futuro, mas ainda não está disponível

Potenciais aplicações Clínicas das Células-Tronco

As células-tronco têm demonstrado potencial significativo em diversas áreas da odontologia. Como já vimos seu uso pode contribuir para a regeneração de tecidos, a melhoria dos procedimentos de implantodontia e o tratamento de doenças bucais.

Atenção : As aplicações descritas a seguir são experimentais até este momento e não podem ser aplicadas na clínica de forma rotineira.

Células Tronco em Implantodontia

As células-tronco podem ser aplicadas na implantodontia para promover a integração do implante com o osso circundante. Elas podem ajudar na regeneração óssea em áreas com deficiência (defeitos ósseos), facilitando a osseointegração. Utilizando o potencial regenerativo das células-tronco, procedimentos de enxertos e implantes tornam-se mais eficazes, reduzindo complicações e melhorando o sucesso a longo prazo (Sayed 2021).

Uso atual prático: Esta aplicação de células tronco nos implantes dentários ainda está em fase experimental e não existe previsão de sua utilização prática na clínica do dia a dia. O mais próximo disso que temos hoje são implantes dentários com superfícies ativadas por substâncias bioquímicas que induzem uma cicatrização mais rápido, como no caso dos implantes suíços Straumann. Porém ainda não se trata da utilização de células tronco em si mas da indução de uma cicatrização mais acelerada pelos métodos normais.

Regeneração de Tecidos Periodontais (Doença Periodontal)

Na regeneração de tecidos periodontais, células-tronco de diferentes fontes, como a polpa dental e o osso, poderiam ser empregadas para tratar doenças periodontais. Essas células poderiam promover a reparação do ligamento periodontal e o crescimento de novos vasos sanguíneos e osso e tecido dentário (cemento), ajudando a restaurar a estrutura de suporte dos dentes. A terapia com células-tronco mostra-se promissora no tratamento de periodontite, oferecendo uma abordagem inovadora para a saúde periodontal (Monsarrat, 2014).

Aplicações atuais: Apesar dos resultados promissores em modelos pré-clínicos, a pesquisa aponta para a necessidade de padronização de protocolos, otimização das fontes celulares e dos veículos de entrega, além de mais estudos clínicos mais profundos para garantir a translação segura e eficaz dessas abordagens para a prática clínica em humanos, superando os desafios relacionados à complexidade da regeneração tecidual em um ambiente inflamatório. Portanto a terapia ainda não está disponível para uso na prática.

Enxertos ósseos com Células Tronco

Células-tronco são frequentemente utilizadas em enxertos ósseos para melhorar a regeneração óssea. As células podem ser isoladas de diferentes fontes, como osso iliíaco ou polpa dental. Ao serem aplicadas em enxertos, aumentaram em pesquisas a taxa de sucesso e a qualidade do tecido regenerado (Moeenzade 2022). Esses enxertos servem para criar um suporte adequado para implantes dentários, conferindo maior durabilidade e estabilidade.

Recuperação de Polpa Dentária

A recuperação da polpa dentária com células-tronco envolve regeneração endodôntica para dentes não vitalizados. Células-tronco são estimuladas a se diferenciar em células da polpa dental, promovendo a reparação do tecido. Esse procedimento ajuda na manutenção da vitalidade dental e pode reduzir a necessidade de tratamentos mais invasivos, como canal radicular (Orti, 2018).

Tratamento de Doenças Bucais

As células-tronco podem teoricamente ser utilizadas no tratamento de diversas doenças bucais, como aftas e lesões orais. Elas possuem propriedades anti-inflamatórias e podem ajudar na regeneração de tecidos danificados. O uso de células-tronco em terapia farmacológica também está sendo estudado, com o objetivo de proporcionar uma alternativa eficaz para condições crônicas da boca (Wang 2024).

Falta muito para termos a terceira dentição com células tronco?

A pesquisa em células-tronco na odontologia avança, mas a criação de uma terceira dentição ainda enfrenta desafios significativos. A regeneração dental com células-tronco é uma área promissora, mas os métodos e tecnologias atuais não estão totalmente desenvolvidos (Zhang, 2023).

Os principais obstáculos estão resumidos na tabela a seguir:

ObstáculoEvidência citada
Complexidade biológicaA formação de dentes envolve vários tipos de células e sinais que ainda não são completamente compreendidos. A Sinalização epitélio‑mesenquima e tipos celulares diversos ainda não foram replicados.
Integração e microambienteAs células-tronco devem se integrar adequadamente ao tecido existente para que a dentição seja funcional. Microambientes hostis podem impedir adesão, diferenciação e conexão funcional das células 
Tecnologia e regulaçãoAs normas de segurança e eficácia nos tratamentos com células-tronco ainda precisam ser estabelecidas. Falta de scaffolds adequados e protocolos validados; ausência de normas clínicas estabelecidas 

Atualmente, diversos estudos estão em andamento. Alguns se concentram na aplicação de células-tronco derivadas de polpa dental, enquanto outros exploram o uso de células-tronco mesenquimatosas.

As perspectivas futuras incluem:

  • Avanços Tecnológicos: Inovações em bioengenharia podem facilitar a criação de dentes funcionais.
  • Tratamentos Personalizados: Abordagens que utilizam células-tronco do próprio paciente podem aumentar a aceitação e o sucesso do tratamento.

Embora haja otimismo, a realização de uma terceira dentição por meio de células-tronco não deve ser esperada em um futuro próximo. Pesquisadores destacam que mais tempo e estudos são necessários para concretizar essa meta.

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É verdade que no Japão inventaram um remedio que faz crescer um novo dente ?

Sim, em 2024, pesquisadores japoneses iniciaram os primeiros testes em humanos de um medicamento inovador que pode, no futuro, fazer nascer um novo dente. O estudo começou após resultados promissores em animais, como camundongos e furões, que voltaram a desenvolver dentes depois de receberem o tratamento. A substância age bloqueando uma proteína chamada USAG-1, permitindo que o organismo ative naturalmente a formação de um novo dente, como se fosse uma “terceira dentição”. Embora ainda esteja em fase inicial e não esteja disponível para uso comum, o avanço é visto como um passo importante rumo à regeneração dentária sem a necessidade de implantes (Takahashi, 2024).

Atenção: Até agora, o anticorpo anti‑USAG‑1 mostrou resultados promissores em modelos animais, mas não há confirmação de eficácia em humanos. Os testes clínicos ainda estão em curso apenas para avaliar segurança, sem evidências de que o tratamento consiga fazer crescer dentes em pessoas. Os resultados atuais foram obtidos somente em ratos de laboratório.

Nota do Autor : Tenho acompanhado ativamente o desenvolvimento das publicações em volta deste tema. Importante destacar para o público que existem fatores de complicação ainda inimagináveis para o desenvolvimento do dente biológico diretamente na boca. Por exemplo, se o dente ausente for um incisivo central superior, ou seja o nosso dente mais exposto. Como poderíamos indicar para essas células criarem um dente idêntico ao vizinho, com a mesma cor formato e translucidez. Será que esse novo dente vai ter apenas uma raiz como seria esperado ou ele vai desenvolver uma anatomia diferente e uma cor imprevisível. Qual será a orientação de erupção desse dente será que vai respeitar o arco como se a pessoa pudesse usar um aparelho previamente ou terá que ser corrigido ao longo da sua erupção. E qual será o tempo de erupção desse dente? Em crianças erupção de um dente pode levar entre semanas há alguns meses. Estas são perguntas mais práticas sobre o assunto mas que em algum momento terão que ser analisadas e discutidas. Portanto mesmo quando a tecnologia estiver desenvolvida não espere que um dente perfeito apareça magicamente em sua boca. Provavelmente ele não será, haverá várias dificuldades e como sempre ciência vai trabalhar para resolvê-las. A implantodontia atual vem trabalhando há mais de 70 anos para resolver problemas com os implantes dentários tradicionais. Eu imagino um futuro similar com os seus dentes feitos in laboratório.

Fontes de Células-Tronco em Odontologia

As células-tronco são fundamentais para a regeneração e reparo de tecidos na odontologia. O reconhecimento das fontes dessas células pode promover avanços significativos em tratamentos odontológicos. As principais fontes incluem a polpa dentária, o tecido gengival e o ligamento periodontal (Zhang 2022).

Polpa Dentária

As células-tronco da polpa dentária são obtidas da parte interna dos dentes, conhecida como polpa. Essas células têm a capacidade de se diferenciar em odontoblastos, que são responsáveis pela formação de dentina.

Essas células-tronco, chamadas de células-tronco da polpa dental (DPSC), podem ser isoladas de dentes permanentes e decíduos. Elas apresentam características semelhantes a outras células-tronco mesenquimatosas, como a capacidade de proliferação e diferenciação.

Pesquisas sugerem que as DPSC podem ser utilizadas em terapias regenerativas para reparar dentes danificados e reverter lesões pulpares. Isso abre novas possibilidades para tratamentos menos invasivos.

Tecido Gengival

O tecido gengival também é uma fonte promissora de células-tronco. As células-tronco mesenquimatosas do tecido gengival (GMSC) são identificadas nas lajes de gengiva.

Essas células possuem a capacidade de se diferenciar em múltiplos tipos celulares, incluindo adipócitos e osteócitos. Essa versatilidade as torna valiosas na regeneração periodontal.

Além disso, as GMSC apresentam propriedades anti-inflamatórias. Isso pode ser potencialmente benéfico em tratamento de doenças periodontais, contribuindo para a regeneração tecidual.

Ligamento Periodontal

O ligamento periodontal é a estrutura que conecta os dentes ao osso alveolar. As células-tronco do ligamento periodontal (PDLSC) têm vital importância na odontologia regenerativa.

As PDLSC demonstram a habilidade de se diferenciar em células que formam os tecidos de suporte dental, como cementoblastos e osteoblastos. Essa capacidade é essencial para a regeneração do ligamento periodontal e do osso alveolar.

Essas células também apresentam propriedades de modulação imune. Isso sugere que podem ter um papel na manutenção da saúde periodontal. A utilização das PDLSC em terapias pourrait transformar o tratamento de doenças periodontais.

Processo de Coleta e Armazenamento das células-tronco

A eficiência no uso de células-tronco na odontologia depende de um processo rigoroso de coleta e armazenamento. As técnicas utilizadas para isolar as células e as metodologias de preservação são fundamentais para garantir a viabilidade e a funcionalidade dessas células.

Métodos de Isolamento das Células-Tronco

Os métodos de isolamento das células-tronco odontológicas variam conforme a fonte escolhida. Segundo Naz et al (2019) as principais fontes incluem:

  • Polpa dental: Extraída durante a remoção de dentes. A polpa é uma rica fonte de células-tronco mesenquimatosas.
  • Tecidos periodontais: As células podem ser isoladas de tecidos adjacentes a dentes afetados por doenças periodontais.
  • Folículos dentários: Obtidos de dentes decíduos ou impactados, contendo células com potencial regenerativo.

O processo envolve a dissociação enzimática do tecido, seguida da centrifugação para purificação. As células isoladas são então cultivadas em meio específico para aumentar sua quantidade.

Técnicas de Preservação

A preservação das células-tronco é crucial para manutenção da viabilidade. As duas principais técnicas incluem:

  • Criopreservação: As células são armazenadas em temperaturas extremamente baixas, geralmente usando nitrogênio líquido (-196°C). Isso previne a formação de cristais de gelo e mantém a integridade celular.
  • Preservação em meio rico em nutrientes: As células podem ser mantidas em um meio que contém fatores de crescimento, aumentando a viabilidade a curto prazo sem congelamento.

Essas técnicas garantem que as células-tronco possam ser utilizadas em tratamentos futuros, preservando suas propriedades regenerativas.

Aspectos Éticos e Regulamentações

A regulamentação e as questões éticas em torno das células-tronco na odontologia são cruciais para garantir a segurança do paciente e a integridade da prática clínica. Existem normas que orientam o uso dessas células e considerações éticas a serem respeitadas.

Legislação Brasileira sobre Células-Tronco

No Brasil, o uso de células-tronco em pesquisas e terapias clínicas é regulado por um conjunto de normas que visam garantir a segurança, a ética e a eficácia desses procedimentos. A principal base legal é a Lei nº 11.105/2005 (Lei de Biossegurança), que autoriza o uso de células-tronco embrionárias humanas para pesquisa científica e terapêutica, desde que obtidas de embriões inviáveis e com consentimento dos genitores. A ANVISA, por meio de resoluções como a RDC nº 214/2018, estabelece regras para o funcionamento de Centros de Tecnologia Celular e para o uso clínico de células humanas, incluindo critérios de qualidade, rastreabilidade e boas práticas. Além disso, qualquer estudo ou aplicação clínica envolvendo células-tronco deve ser submetido à avaliação e aprovação do sistema CEP/CONEP, que garante o cumprimento de padrões éticos em pesquisas com seres humanos. Essas normas em conjunto formam o marco regulatório que viabiliza, com responsabilidade, o avanço da terapia celular no país.

Áreas em que já temos as células tronco na odontologia

Embora o uso direto de células-tronco na odontologia ainda esteja em fase experimental, já existem aplicações clínicas consolidadas que envolvem produtos biológicos ricos em células com potencial regenerativo, como o plasma rico em plaquetas (PRP) e o plasma rico em fibrina (PRF). Esses concentrados, obtidos a partir do sangue do próprio paciente, contêm não apenas altas concentrações de plaquetas e fatores de crescimento, mas também células-tronco mesenquimais circulantes e células progenitoras hematopoiéticas, especialmente no PRF (John 2023).

Essas células e fatores atuam de forma sinérgica para estimular a regeneração de tecidos moles e duros, favorecendo a cicatrização em procedimentos como enxertos ósseos, implantes dentários, cirurgias periodontais e tratamento de lesões periapicais. Assim, PRP e PRF representam formas indiretas e seguras de aplicar os princípios da terapia celular na odontologia, com ampla aceitação clínica e respaldo ético e regulatório.

Em situações clínicas práticas indicamos a obtenção desse plasma enriquecido em algumas situações desafiadoras da implanta do dia quando precisamos uma regeneração óssea em maior grau ou em alguma situação desafiadora.

Perspectivas Futuras das Células-Tronco na Odontologia

As células-tronco apresentam um potencial significativo na odontologia, especialmente no tratamento de doenças periodontais e regeneração de tecidos. Pesquisas recentes indicam que a aplicação dessas células pode revolucionar a abordagem terapêutica.

Existem diversas áreas em que as células-tronco podem ser empregadas:

  • Regeneração óssea: Células-tronco podem ajudar na formação de novos tecidos ósseos após extrações dentárias ou lesões.
  • Tratamento de doenças pulpares: A medicina regenerativa pode restaurar a vitalidade da polpa dentária, reduzindo a necessidade de endodontia convencional.
  • Implantes dentários: O uso de células-tronco pode melhorar a integração e a durabilidade dos implantes.

Os avanços na engenharia de tecidos e na biotecnologia tornam viável o uso clínico dessas células. O desenvolvimento de biomateriais que suportem a ação das células-tronco é crucial.

Além disso, as pesquisas voltadas para a obtenção de células-tronco a partir de fontes acessíveis, como a polpa dental, oferecem uma alternativa éticas e práticas, eliminando a dependência de métodos mais controversos.

Futuros desenvolvimentos interessantes também podem surgir com o advento de tecnologias de impressão tecidual em 3D. Porém isto é assunto para um futuro artigo.

As parcerias entre universidades e indústrias farmacêuticas são essenciais para impulsionar essas inovações. A formação de profissionais capacitados em celulóide-tronco também será um fator determinante para a aplicação dessas tecnologias na prática clínica.

Nota de esclarecimento adicional : O Conselho Federal de Odontologia (CFO) e os Conselhos Regionais de Odontologia (CROs) proíbem a divulgação de tratamentos com células-tronco na odontologia quando não houver comprovação científica e autorização dos órgãos reguladores. A Resolução CFO nº 157/2015 considera infração ética a aplicação clínica de terapias com células humanas, incluindo células-tronco, sem respaldo técnico-científico e sem aprovação por instâncias como a ANVISA e o sistema CEP/CONEP. Além disso, o Código de Ética Odontológica veda qualquer tipo de propaganda sensacionalista, enganosa ou que prometa resultados não comprovados. Portanto, promover publicamente tratamentos odontológicos com células-tronco sem validação científica e regulamentar pode resultar em sanções éticas e disciplinares ao profissional.

Escrito por Dr Roberto Markarian – Implantodontia e Prótese dentária CRO-SP 73583

Perguntas Frequentes

As células-tronco têm diversas aplicações na odontologia regenerativa, desde a recuperação de tecidos até a melhoria de tratamentos. Este segmento aborda questões comuns sobre suas funções e implicações no campo dental.

Quais são as aplicações das células-tronco na odontologia regenerativa?

As células-tronco são usadas para regenerar tecidos periodontais, impulsionar a cicatrização após cirurgias e auxiliar em tratamentos de doenças como a gengivite. Elas também participam da regeneração de raízes dentárias e na formação de novos dentes.

Como as células-tronco podem contribuir para a terapia de regeneração dental?

Essas células possuem a capacidade de se diferenciar em vários tipos de células do tecido dental. Isso permite que elas ajudem na reparação de danos durante processos de regeneração, como na recuperação de nervos dentais ou na promoção da formação de osso.

Formas Atuais de Utilização de células tronco

Atualmente, as células-tronco são utilizadas em enraizamento de dentes, tratamento de lesões e em estudos voltados para a regeneração de estruturas dentais. Elas também são exploradas em tratamentos para doenças autoimunes que afetam a cavidade bucal.

Quais são as fontes de células-tronco mais utilizadas nos procedimentos odontológicos?

As principais fontes incluem a polpa dental extraída de dentes decíduos e permanentes. Além disso, podem ser obtidas de tecidos adiposos e da medula óssea, cada um com suas características específicas para uso clínico.

Já existe o dente humano feito com células tronco?

Embora pesquisas estejam em andamento, ainda não há dentes humanos completamente criados a partir de células-tronco disponíveis na prática clínica. Os avanços continuam, mas o desenvolvimento de dentes viáveis é um objetivo a longo prazo.

Quais são os avanços recentes na pesquisa sobre células-tronco na odontologia?

Pesquisas recentes focam na otimização das técnicas de cultivo e diferenciação de células-tronco. Além disso, inovações em engenharia de tecidos têm potencial para melhorar a qualidade e a funcionalidade dos tecidos regenerados.

Como a terceira dentição é induzida utilizando células-tronco no contexto odontológico?

A terceira dentição é um conceito em estudo que visa a indução de novos dentes através da manipulação de células-tronco. Esse processo envolve a combinação de estímulos bioquímicos e mecânicos, com o objetivo de regenerar dentes perdidos.

Quais são os desafios éticos e legais associados ao uso de células-tronco na odontologia?

Os debates éticos giram em torno da origem das células-tronco, especialmente aquelas obtidas de embriões. Questões legais também surgem em relação à regulamentação de práticas envolvendo a pesquisa e o uso clínico dessas células na odontologia.

Devo esperar um pouco mais para usar um dente feito com célula-tronco ou faço um implante dentário?

Esperar por um dente regenerado com células-tronco pode parecer promissor, mas essa tecnologia ainda está em fase experimental, sem eficácia comprovada em humanos ou previsão de uso clínico. Enquanto isso, a falta de um dente pode causar perda óssea, movimentação dos dentes vizinhos e prejuízos funcionais e estéticos. Já os implantes dentários atuais são seguros, duráveis e oferecem excelente resultado funcional e estético. A melhor escolha é realizar o implante agora e, no futuro, reavaliar a terapia com células-tronco se ela se tornar viável.

Quanto tempo falta para que o dente de laboratório possa ser usado em humanos ?

Pesquisas indicam que a regeneração de dentes humanos com medicamentos ou células-tronco poderá se tornar uma realidade clínica por volta de 2035, caso os testes atualmente em andamento tenham sucesso. Embora já existam resultados promissores em animais, ainda são necessários ensaios clínicos avançados e aprovação regulatória.

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